sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Manifesto

Extraído de: http://www.sujeitoa.tk/


- Em defesa dos alienáveis direitos humanos à alienação, preguiça, nulidade, conformismo e subversão o "Sujeito A" lançará, agora, o seu manifesto. Pela democracia e...O som da voz do orador do comitê da Frente dos Puritanos Sujeitos, ou simplesmente os FdPS, lhe causava engulhos. "Malditos amendoins!" Precisava aprender a parar de comer antes de começar a passar mal. Mas, pensando bem, não era de todo ruim. Pelo menos, havia abandonado o vício de mascar chicletes já mastigados.
- Está quase na hora, disse um homenzinho de muito cabelo.
"Como fui me convencer disso? Queria estar em casa dormindo", pensava o "Sujeito A". Foi arrancado de sua utopia com uns bons sacodes.
- Anda! Todos estão esperando. Dizia o mesmo assessor descabelado, que juntamente com os correligionários da Frente abarrotavam o palanque.
- Você precisa subir no púlpito e ler.
- Ler? Ler o que?
- O Manifesto da FdPS."Meu Deus, o Manifesto. É verdade". Como presidente eleito, tinha ficado com a incumbência de resumir todos os grande idéias do grupo num manifesto, que seria um marco pós-moderno. Começou a tatear os bolsos e procurar o bloquinho de onde havia feito suas mal traçadas linhas - nunca uma frase feita lhe pareceu tão propícia - porque todos esperavam."Não sei onde está. Pior, não sei o que escrevi", constatou. O manifesto deveria ser uma metáfora do que a Frente pretendia: a desconstrução, a desnaturalização do olhar e todos aqueles adjetos e expressões pomposas que os intelectualóides adoram e que ele, por acaso, havia caído de pará-quedas com a função de resumir. Suas poucas palavras e a expressão blasé fizeram com que fosse nomeado como a personificação do espírito de sua época, segundo os adeptos da Frente. Olhou para suas pernas de frango e lembrou que precisava comprar os florais do gato.- Ele fica muito agressivo sem o remédio.
- O quê? Perguntou alguém que ele já não identificava, sentiu-se como que levado para frente do microfone enquanto tentava descobrir porque tinha se metido naquilo mesmo. O corpo bambeou diante da multidão de jovens na praça. Tombou sobre o púlpito, que virou em direção da platéia e dispersou dezenas de folhas brancas. Antes de retornar a si e conseguir ser erguido pelos assessores, iniciaram as saudações:
- Genial!
- Antropofágico!
- Um verdadeiro manifesto contra todo o falso conteúdo social.
"Não. Aquilo não estava acontecendo".
- Não sei o que fez com o nosso manifesto, mas essa idéia é muito melhor. Era novamente o homenzinho. Ao retomar a sua posição na frente do palanque se sentiu contagiado pela animação. - Eu quero a felicidade das possibilidades, disse triunfante. Essa era a última frase do manifesto. Ele, finalmente, lembrara, mas não fora ouvido; todas as atenções estavam sobre as folhas vazias.Afastou-se do púlpito coma alguma dificuldade entre apertos de mão e saudações. Agora iria para casa, ainda não era meio-dia podia voltar para cama e fingir que nada daquilo tinha acontecido. Mais tarde, se o procurassem, diria que renunciou ao cargo por sentir que já havia cumprido papel histórico. "Deixo meu legado numa maldita folha em branco".

2 comentários:

diego fagundes disse...

cientificamente comprovado, por isso não estou mentindo: os ursos sem as raposas ficam tão tristes que seus pêlos caem todos. ficam parecidos com homens. tão feios, coitados

diego fagundes disse...

https://www.fnac.com.br/premiofnacnovostalentos/principal.html

entra nesse site e vota
e pede para conhecidos seus