segunda-feira, 29 de junho de 2009

O meu Chico

Não foi tanto pelos livros, nem pelas K7, embora elas tivessem ajudado, eu simplesmente gostava dele. Talvez fosse voz mansa, que tomava uns agudos quando exitava antes de emitir uma opinião imprecisa. Um trejeito que herdei, não como a cara de 'bolacha Maria', como repetia mamãe, acho que é mais justo dizer que aprendi.
O cheiro da cerveja, o sorriso largo que espremia os olhos tristes sempre estiveram lá, os mesmo que eu já veria refletidos no espelho algumas vezes. Por mais aborrecido ou violento que ficasse, pra mim ele sempre era aquela figura a0 mesmo tempo feliz e triste e eu o achava bonito.
Entre as várias torres de edições bolso de faroeste, que ficavam pilhadas sobre o janelão de madeira da "casa nova", eu folheava as páginas em vão, nada me servia. Me consumia por isso, tinham um cheiro tão bom, e ele os lia tão rápido e eu sabia que não seria 'importante' senão gostasse de ler.
Frustrada eu memorizava uns poemas datilógrafados de Cecília, que achei dentro de uma pasta na estante, e lia muitas vezes as decrições das bandeiras dos Estados brasileiros e seus brasões, simplesmente porque gostava de ouvir minha leitura e as letras pareciam tão redondas, que era justo que fossem lidas muitas vezes.
As fitas sempre chegavam, junto com a bicicleta, mas só o suficiente para que os dedos conciliassem com guidon. Eram coletâneas que um amigo radialista compilava, foi lá que eu ouvi Tom, que amei Nara, Noel, que soube que prefiriria Chico Buarque à qualquer outro, antes de desobrir o rock, de saber de seus olhos azuis e antes que isso fosse importante. Eu ainda teria muitas outras descobertas e muitas K7 para roubar daquele acervo.

Um comentário:

john disse...

Chico Buarque de Holanda um dos grandes nomes da nossa mpb, e especialmente marcante em minha vida com uma música que sempre me faz lembrar "alguém" a música "trocando em miúdos".

abraços